Desde a crucificação de Jesus no alto do Gólgota até aos dias atuais, o Seu seguimento suscita perseguição, sofrimentos, prisões, condenações injustas, tortura e morte. E isso não é nenhuma novidade. O próprio Jesus Cristo já havia alertado a seus discípulos: “Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome” (Mateus 10,22; Marcos 13,13).
Jesus sabia que a proposta do Reino de Deus que Ele veio anunciar e implementar desagradaria a muitos, em especial aos detentores dos poderes sociais vigentes e dos privilégios de alguns. Jesus sabia que aderir ao Reino de Deus significaria atrair o ódio, a perseguição, injustiças e morte. E, com toda clareza, alertou seus discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lucas 9,23-24).
Já estamos com mais de dois mil anos de cristianismo. Também já estamos com mais de dois mil anos de perseguição, condenação injusta, torturas e morte de cristãos em várias partes do mundo. Tanto no passado quanto no presente não falta sangue de cristãos sendo derramado por causa da fé e do nome de Jesus, o Cristo. O Mestre foi fiel ao Pai até exaurir-se na cruz. Os verdadeiros discípulos seguem o mesmo caminho do Mestre: a cruz.
Falar em Perseguição Religiosa em pleno século XXI pode parecer exagero, mas os números são aterradores e evidenciam o desrespeito ao direito fundamental do ser humano de manifestar e viver suas crenças e sua fé.
É assustador o número de vítimas por causa de suas práticas religiosas (cristãos ou não). Convido o leitor a conhecer duas instituições (sem fins lucrativos) e que periodicamente publicam relatórios sobre Liberdade Religiosa e sobre Cristãos Perseguidos.
A primeira é a ACN que publica um Relatório sobre a questão da Perseguição Religiosa no mundo, apontando números e estatísticas sobre a questão da Liberdade Religiosa (cristãos e não cristãos), sobre Cristãos Perseguidos, sobre Cristãos Presos em nome da Fé, e outros dados de mesma natureza. Esses relatórios são atualizados a cada dois anos com dados coletados em 196 países pela ACN – Instituição Pontifícia – em parceria com jornalistas independentes, acadêmicos e outros autores que se encontram na região onde a variável é analisada, e abrange coleta de dados que incluem situações específicas da Ásia, Oriente Médio, África, Europa e Américas. O relatório está disponível em https://www.acn.org.br/
Relatórios semelhantes podem ser obtidos consultando o endereço da Instituição Portas Abertas disponível em https://portasabertas.org.br/
Segundo o último Relatório percebem-se recordes nos indicadores de perseguição aos cristãos. Já são mais de 360 milhões de cristãos perseguidos ao redor do mundo, e isso significa um aumento de 20 milhões em apenas dois anos. Nesse mesmo tempo, aumentou também o número de países onde ocorrem situações de perseguição. No relatório atual são apontados 76 países, dois a mais que apresentou o relatório anterior.
Nesse último relatório, pode-se acompanhar a lista e a situação dos 50 países que se destacam por apresentar níveis extremos, severos e cruéis de perseguição aos cristãos. Nessa lista se pode ver que a Coreia do Norte, que por mais de 20 anos liderou o topo desse ranking, foi agora ultrapassada pelo Afeganistão. Além do Afeganistão e da Coréia do Norte, completam a lista das dez nações mais perigosas aos cristãos a Somália, Líbia, Iêmen, Eritreia, Nigéria, Paquistão, Irã e Índia.
Para acessar o mapa completo visite o site https://portasabertas.org.br/lista-mundial/mapa-mundial-perseguicao
A igreja e os cristãos sempre conviveram com Perseguidores e Mártires. Seguir Jesus é uma decisão muito exigente e radical. O último exemplo antes de fechar essa matéria refere-se ao ataque à Igreja da missão de Chipene, em Moçambique, no dia 06 de setembro de 2022, com destruição da igreja, de máquinas e violência contra a integridade física de missionárias que atuavam no país há tanto tempo. Vítima fatal desse ataque, a irmã Maria de Coppi – missionária comboniana de 83 anos e que trabalhava em Moçambique por quase 60 anos, derramou seu sangue em terras de missão, alvejada por um tiro na cabeça.
“Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome” (Mateus 10,22; Marcos 13,13), mas não se preocupem, pois “Eu estarei com vocês todos os dias até o fim do mundo” (Mateus 28,20).
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