Na publicação anterior apontamos três características do candidato que merece o voto do eleitor que é, de fato, seguidor de Jesus Cristo. Naquela reflexão recomendamos que:
a) Observemos o passado do candidato;
b) Observemos os candidatos que procuram comprar seu voto. Isso é suborno. Não se pode votar em candidatos que oferecem presentes, dinheiro ou material em troca de voto;
c) Observemos se o candidato é verdadeiro ou é mestre em mentiras. Somos fiéis a Deus e a Jesus Cristo – caminho, verdade e vida – e não queremos ter nenhum vínculo com o Inimigo – o pai da mentira – e seus seguidores.
Hoje vamos acrescentar mais alguns princípios para nortear nosso discernimento cristão na hora de exercer o voto. Na verdade, mais que oferecer respostas, levantaremos questões para o discernimento consciente de cada eleitor. Eis alguns:
a) Servir. Jesus veio ao mundo para servir e implantar o Reino de Deus. E nós somos seus seguidores. Daí a pergunta: o candidato está disposto a servir ao povo ou só quer servir-se do povo para atender a seus interesses pessoais? “Pois bem, se eu, que sou vosso mestre e senhor, lavei os vossos pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros” (João 13,14).
b) Defesa dos pobres e indefesos. O candidato é defensor dos pobres e indefesos, ou só defende interesses da minoria detentora de grandes fortunas? “Erga sua voz em favor dos que não podem defender-se; seja o defensor de todos os desamparados. Erga sua voz e julgue com justiça; defenda os direitos dos pobres e dos necessitados” (Provérbios 31, 8-9).
c) Segurança e Proteção. O candidato procura sempre implementar políticas de proteção e segurança para o povo? Ou o candidato é um mercenário que vota em projetos dependendo do valor monetário (dinheiro mesmo) que vai receber. Jesus disse: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor a quem pertencem, e as ovelhas não são suas, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e sai correndo. Então, o lobo ataca e dispersa as ovelhas. O mercenário foge porque trabalha só por dinheiro, e não se importa com as ovelhas” (João 10, 11-13). Perguntemo-nos: como o candidato protege os indefesos? Como o candidato protege crianças ainda no ventre da mãe? Como o candidato trabalha na proteção do emprego de um (a) chefe de família? Como o candidato trabalha na garantia das condições de vida e proteção de crianças (algumas que ainda nem nasceram), de adolescentes, de jovens, de adultos e idosos contra o flagelo da fome, do desemprego, das precárias condições de educação, do sucateamento da saúde pública e, sobretudo, da covarde ação de extermínio de jovens provenientes de periferias urbanas? “Eles massacram o teu povo e humilham tua herança; matam a viúva e o estrangeiro e assassinam os órfãos” (Salmo 94 [93], 5-6).
d) O tempo é superior ao espaço e ao momento. O candidato tem um projeto que vai além da tradicional “política de resultados (eleitorais)”? Ou esse candidato faz de tudo apenas para ter resultados imediatos e eleitoreiros? E depois some da vida do povo.
e) A unidade prevalece sobre o conflito. O papa Francisco afirma que “[…] torna-se possível desenvolver uma comunhão nas diferenças, que pode ser facilitada só por pessoas magnânimas que têm a coragem de ultrapassar a superfície conflitual e consideram os outros na sua dignidade mais profunda” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, nº 228). Como o candidato se relaciona com pessoas que pensam e agem de maneira diferente dele? É uma pessoa de diálogo e de conciliação ou é o tipo de pessoa que procura agredir, neutralizar e exterminar seus adversários?
d) O todo é maior que a parte e o coletivo é maior que o individual. O candidato tem uma visão de interesse coletivo ou é um candidato individualista e bairrista. Hoje sabemos que tudo está interconectado com todos. Não se pode ter uma visão míope e pequena que se faz incapaz de enxergar nossas ações do contexto da globalidade universal.
De maneira mais concreta eu estou decidido a NÃO VOTAR em candidatos que:
a) Votaram a favor da Emenda Constitucional nº 95/2016 (conhecida popularmente como a PEC DA MORTE) que determinou o congelamento dos investimentos em Políticas Públicas por um período de vinte anos;
b) Votaram a favor de TERCERIZAÇÕES de empresas estatais por um valor irrisório e, assim, favorecendo grandes grupos econômicos;
c) Votaram a favor da REFORMA TRABALHISTA que cancelou vários direitos trabalhistas já adquiridos ao longo de anos de luta;
d) Em candidatos que ataquem os Direitos Humanos e defendem o uso da violência e da morte como forma de solução para os problemas sociais;
e) Em candidatos que defendam o aborto e a eutanásia;
f) Em candidatos contrários à liberdade religiosa e à liberdade de expressão;
g) Em candidatos que não estejam comprometidos com questões ambientais.
VOU VOTAR em candidatos que:
a) Têm um histórico de compromisso com o direito dos mais indefesos e dos pobres;
b) Tem compromisso com a inclusão e a equidade social;
c) Defendem a vida humana em todas as suas etapas de desenvolvimento;
d) Defendem a Natureza e o direito das futuras gerações a um meio ambiente sadio e equilibrado;
e) Promovam ações para se conseguir maior igualdade de direitos entre homens e mulheres;
f) Defendem o direito de comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas, ciganos e outras);
g) Candidatos que apresentem projetos coerentes com os valores propostos pelo Evangelho.
Assim, espero que tenhamos um processo eleitoral consciente e voltado para o bem comum.
José Archângelo Depizzol
27/09/2022
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